sábado, 25 de outubro de 2008

O Casarão

Obra: Gregorio Gruber

Um continho meu, só pra mudar um pouco o tom:

“Na Paulista os faróis já vão abrir
Em um milhão de estrelas prontas pra invadir
Os Jardins, onde a gente acendeu, numa paixão
manhãs frias de abril.
Se a avenida exilou seus casarões
Quem reconstruiria nossas ilusões ?(...)"

Meu lugar preferido, lembra? Toda vez que passo em frente ao casarão eu lembro da música. Solitário com sua arquitetura do início do século vinte, quando a cidade era a capital mundial do café. Ali ele teima estar, com os muros pichados, em meio a tantos edifícios espelhados que esquentam os ambientes, sufocam os engravatados e nada combinam com o país tropical.

Aí, também lembro com força de como essa cidade distancia as pessoas.
Faço um esforço sobre-humano para não sentir saudade, um sentimento que considero inútil, assim como as lembranças sexuais que remetem aos seus cheiros e ao seu gosto.

Uma vez sonhei que você ficou do tamanho do Masp e me perseguia. É a sua dimensão quando eu passo na Avenida em um dia dolorosamente lindo, com um céu grafite e aquela chuva fina que faz carinho na gente. Ficam umas gotinhas no cabelo, a gente passa a mão e sente uma textura molhada. Sua textura molhada em manhã de domingo com chuva, nós dois passeando pelos Jardins.

Noite sem você. Merda de cidade onde não dá pra encontrar ninguém por acaso. Tantos milhões de habitantes e nenhum deles me serve.

Eu, quando cheguei de Rio Preto e fui morar com uma colega de quarto, achei ruim. Fomos unidas pela necessidade de pagar o aluguel, mas é uma amizade que cultivo, que na hora do sufoco qualquer conversa é melhor do que nenhuma. Eu é que não queria ser criança aqui, pensei. Depois comecei a prestar atenção no invisível e achei bom. A cidade ficou diferente. Gostava da privacidade, do anonimato. Detestava (ainda detesto) tomar ônibus cedinho sentindo o cheiro do diesel. Mas o que eu odeio mesmo é não saber onde te encontrar, sorrindo, como no dia em que te conheci – um paulistano meio metido e inseguro, com um terno de bom corte e um quê de príncipe.

Aí gente brigou, você trocou de endereço, eu troquei o celular e não avisei.


" (...) Você sabe quantas noites eu te procurei
Nessas ruas onde andei
Conta onde passeia hoje esse teu olhar
Quantas fronteiras ele já cruzou
O mundo inteiro de uma só cidade (...)"


Se eu estivesse em Rio Preto, seria fácil te encontrar. Ao menos três encontros, onde cruzaríamos olhares e eu sentiria o seu desejo. Mesmo que não falasse, ia dar pra perceber, e só isso valeria.
Vai ser assim se eu te cruzar no metrô, na balada, no trânsito, em um cruzamento perigoso de parar. A cidade é a culpada! Não sei onde está você, em meio a tantos bares, na chuva que cai.

Graças à imensidão desta cidade, pude me esconder, esconder os meus sentimentos e a minha insegurança, esconder o meu choro doído, as lágrimas na garoa, esconder tudo!



" Se os seus sonhos emigraram sem deixar
Nem pedra sobre pedra pra poder lembrar
Dou razão
É difícil hospedar no coração
Sentimentos assim"*



Ah, como estou feliz! Alterei o roteiro da minha vida!
Te perdi como se perde um clipe, no asfalto pintado com ilustrações das crianças de rua da Paulista. Vejo um rapaz com uma camiseta legal, dizeres em português. Ele sorri. Talvez algo assim; divino, espiritual. Já não quero esconder nenhuma das sensações que a cidade me obriga a experimentar neste momento. O rapaz de camisa legal está na Paulista, ao meu lado. E eu começo a achar delicioso o frio com vento e sol nesta avenida larga e com uns botecos que me lembrou Rio Preto de tardinha. Lá longe, um pirofagista brinca com um menino e suas bolinhas. Estou vendo as cores da cidade. Os cheiros, esses das comidas de todos os países da feira do Trianon. Pedir para aquele senhor esquentando no sol tirar uma foto.
Fila para a exposição do Masp, que não tem mais a cara de ninguém. Duas mulheres passeiam de mãos dadas, livres de espírito. Estão apaixonadas! Eu também. Amo esta avenida!

* Paulista- (Eduardo Gudin - Costa Netto)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

E maaaais Sampa

Museu de Arte Sacra

Mosteiro São Bento


Mercado Municipal


Museu de Arte de São Paulo (MASP)


Autódromo de Interlagos
Horto florestal

Fotos do dirigível Goodyear

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Mais São Paulo

Parque da Aclimação

Museu do Ipiranga



Estádio do Pacaembú
Anhembi
Fotos do dirigível Goodyear